Por Josana Salles
As informações divulgadas pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) na terça-feira, 4 de novembro, mostram que o mundo está longe de cumprir as metas do Acordo de Paris e reforçam o duplo desafio de Mato Grosso: adaptar-se a um clima cada vez mais extremo e, ao mesmo tempo, reduzir emissões e avançar em uma produção mais sustentável. Mesmo após uma década da assinatura do acordo, os compromissos climáticos têm impacto limitado nas projeções de aquecimento global.
De acordo com o relatório, o planeta deve ultrapassar o limite de 1,5°C já na próxima década e alcançar entre 2,3°C e 2,5°C de aumento até o final do século, mesmo que todas as metas vigentes sejam cumpridas. O objetivo central do pacto climático de 2015, que é conter o aquecimento global a 1,5°C para evitar consequências extremas como secas severas, elevação do nível do mar e colapso de geleiras, está cada vez mais distante.
As informações, anunciadas pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) na terça-feira, 4 de novembro, ressaltam que, mesmo após uma década da assinatura do Acordo de Paris, os compromissos climáticos têm impacto limitado nas projeções de aquecimento global. De acordo com o relatório, o planeta deve ultrapassar o limite de 1,5°C já na próxima década e alcançar entre 2,3°C e 2,5°C de aumento até o final do século, mesmo que todas as metas vigentes sejam cumpridas. O objetivo central do acordo de 2015, de limitar o aquecimento global a 1,5°C para evitar consequências extremas, como secas severas, elevação do nível do mar e colapso de geleiras, está cada vez mais distante.

Foto: Fernão Prado
O relatório destacou que apenas 60 países, responsáveis por 63% das emissões globais de gases de efeito estufa, revisaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) até setembro de 2025, como era exigido. No entanto, o impacto dessas revisões foi pequeno: as projeções de aquecimento global caíram de 2,6–2,8°C no ano passado para 2,3–2,5°C atualmente, diferença atribuída mais a mudanças metodológicas do que a ações concretas. Além disso, a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, em 2026, deve reverter parte do avanço, aumentando as estimativas de aquecimento em 0,1°C.
Os dados também apontam para o agravamento da chamada “lacuna de emissões”, a diferença entre o volume de gases que os países se comprometeram a reduzir e o que seria necessário para limitar o aquecimento a 1,5°C. Em 2024, as emissões globais bateram novo recorde: 57,7 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, aumento de 2,3% em relação ao ano anterior, impulsionado especialmente pelo desmatamento e pelo uso de combustíveis fósseis. O G20, responsável por 77% dessas emissões, apresentou aumento de 0,7% no período. Apenas a União Europeia registrou queda consistente, enquanto China e Índia lideraram os aumentos absolutos, e a Indonésia teve o maior crescimento proporcional. Dos países do G20, sete estão no rumo de cumprir suas metas de redução para 2030, enquanto nove estão fora do caminho.
Ao analisar os últimos dados divulgados pelo Pnuma, Alice Thuault, diretora executiva do Instituto Centro de Vida (ICV), enfatizou a necessidade de ações mais robustas e destacou as especificidades de Mato Grosso na crise climática. “Esses dados precisam orientar decisões em todo o mundo. E, quando pensamos em Mato Grosso, isso nos traz duas responsabilidades. Primeiro, precisamos nos adaptar a um mundo mais quente: menos água, mais desastres, queimadas e calor extremo. Segundo, o estado tem uma vantagem comparativa enorme. Reduzir emissões aqui significa fomentar uma produção mais sustentável, com restauração, redução de metano e uma agropecuária moderna e eficiente, diferente de países que precisam cortar emissões fósseis”, explicou.
O Pnuma reforça que, para alinhar-se ao Acordo de Paris, as emissões globais precisariam cair 25% até 2030 para atingir o limite de 2°C ou 40% para 1,5°C. Contudo, as metas atuais garantem apenas uma redução de 15% até 2035, indicando que o mundo está longe de evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.